Parceria entre Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Hospital Beneficência Portuguesa, via InovaHC, ampliará acesso à saúde em áreas remotas do Brasil por meio de tecnologia. Giovanni Guido Cerri, professor da FMUSP e presidente dos conselhos do Instituto de Radiologia e InovaHC, destaca os benefícios do projeto e seu funcionamento prático.
A colaboração entre duas instituições renomadas na área de saúde é ressaltada, sendo o HC responsável inicialmente por facilitar a conectividade da Beneficência Portuguesa, permitindo rápida transferência de informações de exames e procedimentos de regiões carentes para sua unidade central. Um dos focos principais é o uso de dados do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) no Nordeste para entender melhor a saúde das mulheres.
“Nós observamos que um dos grandes problemas da questão digital é conectividade e começamos a trabalhar com 5G, nós somos pioneiros na introdução de 5G na saúde, e agora nós estamos estendendo à Beneficência essa colaboração de poder utilizar isso na saúde, para que as informações obtidas nessa assistência que a Beneficência faz em comunidades mais carentes, mais remotas, possam chegar de forma rápida e precisa em São Paulo”, explica em entrevista ao Jornal da USP.
Apesar dos desafios impostos pela pandemia de coronavírus, Cerri destaca como legado positivo o avanço das consultas remotas, agora mais aceitas pelos profissionais de saúde graças a uma nova legislação que legalizou a telemedicina no país, impulsionando a aplicação de tecnologia na área da saúde.
“Hoje o Hospital das Clínicas realiza um pouco mais de 10% das consultas por meio da telemedicina. Mas a nossa meta é chegar em até quatro anos a 40% das consultas do HC através de saúde digital, isso tudo mantendo a mesma qualidade das consultas presenciais”, esclarece.
Saúde Digital
Conforme Giovanni Guido Cerri, a saúde digital promove uma jornada de trabalho mais fácil e objetiva para os profissionais da área, o que se reflete em economia de tempo e recursos financeiros. Segundo ele, a dinamização do processo promove diagnósticos mais rápidos, além de evitar tratamentos longos e consequências mais graves das doenças para as pessoas de áreas carentes.
O especialista explica que a saúde digital é muito acessível porque pode ser realizada apenas com a presença de poucos equipamentos, como uma câmera, computador e boa conexão, por exemplo. Contudo, ele afirma que muitas vezes a implementação desse projeto esbarra na falta de financiamento e no alto custo de algumas tecnologias mais recentes.
Segundo o professor, apesar dos valores empregados, a tecnologia pode reduzir custos dos processos de consultas presenciais. Ademais, ele afirma que a principal contribuição desse modelo está na diminuição da desigualdade social e promoção da inclusão das populações mais carentes.
“A evolução tecnológica mostra que a teleconsulta e a saúde digital vão ser uma excelente alternativa de inclusão de pacientes de áreas remotas, sem ser necessário deslocamento das famílias. As áreas remotas no Brasil não estão só na região amazônica, mas também nas periferias das grandes cidades, então, nós temos que ser inclusivos e a tecnologia pode ajudar nesse processo”, finaliza.
Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar