Como comenta o especialista da área Rodrigo Balassiano, a utilização de fundos como instrumentos de financiamento público-privado tem se consolidado como uma solução eficaz para viabilizar projetos de infraestrutura, inovação e desenvolvimento regional. Esses fundos atuam como pontes entre os recursos do setor privado e as demandas de interesse público, possibilitando a execução de iniciativas que, isoladamente, seriam financeiramente inviáveis para governos ou empresas.
Ative o potencial das parcerias que transformam realidades — descubra como os fundos podem conectar interesses públicos e privados em projetos de alto impacto e retorno sustentável.
Como os fundos como instrumentos de financiamento público-privado funcionam na prática?
Segundo Rodrigo Balassiano, os fundos como instrumentos de financiamento público-privado operam como veículos estruturados para captar recursos junto a investidores privados e direcioná-los para projetos de interesse público, com regras definidas de governança, retorno e fiscalização. Em muitos casos, o setor público participa com aportes iniciais, garantias ou ativos, enquanto o capital privado entra para viabilizar a escala e a execução. Esses fundos são comumente estruturados como Fundos de Investimento em Participações (FIPs), Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) ou Fundos Garantidores.
Na prática, a estrutura de um fundo voltado para financiamento público-privado precisa equilibrar interesses. O ente público busca impacto social, eficiência e transparência, enquanto os investidores visam retorno financeiro, previsibilidade e gestão de riscos. O fundo, então, se torna uma plataforma intermediária que traduz essas demandas em um arranjo financeiro viável, com regras claras de ingresso, desembolso e remuneração. A presença de gestores especializados e administradores fiduciários contribui para o acompanhamento técnico e a conformidade regulatória da operação.

Quais áreas mais se beneficiam dos fundos voltados ao financiamento público-privado?
Os setores de infraestrutura, saneamento, mobilidade urbana e energia renovável são alguns dos que mais se beneficiam dos fundos voltados ao financiamento público-privado. Isso se deve à necessidade recorrente de grandes volumes de capital, à maturação de longo prazo e à capacidade desses projetos de gerar receitas previsíveis. A participação privada, viabilizada por fundos, permite que essas iniciativas saiam do papel com mais agilidade e eficiência.
Na área de inovação e tecnologia, fundos também têm se mostrado instrumentos eficazes. Iniciativas como fundos patrimoniais vinculados a universidades e centros de pesquisa ajudam a garantir recursos contínuos para o desenvolvimento científico, mesmo em períodos de restrição orçamentária pública. De acordo com o especialista Rodrigo Balassiano, esses fundos possibilitam aportes privados com incentivos fiscais e governança compartilhada, promovendo um modelo de investimento mais estável e de longo prazo para áreas estratégicas do país.
Outra frente importante está no financiamento de políticas públicas voltadas à habitação social, educação e saúde. Por meio de fundos estruturados, é possível captar recursos junto a investidores que compartilham objetivos de impacto social, unindo retorno financeiro e propósito. Modelos como os fundos de impacto ou os blended finance permitem que o risco inicial seja absorvido por capital público ou filantrópico, atraindo capital privado mais avesso ao risco para expandir programas públicos essenciais.
Quais são os desafios e boas práticas na estruturação desses fundos?
Apesar das vantagens, a estruturação de fundos como instrumentos de financiamento público-privado exige cuidados específicos. Conforme aponta Rodrigo Balassiano, um dos principais desafios é a definição de uma governança clara e eficiente, capaz de conciliar os interesses das partes envolvidas. A transparência na prestação de contas, a definição de métricas de desempenho e a supervisão independente são essenciais para assegurar a credibilidade e o sucesso da operação.
Outro ponto crítico está na modelagem jurídica e regulatória. Os fundos precisam atender aos requisitos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao mesmo tempo em que dialogam com legislações específicas do setor público, como a Lei das Parcerias Público-Privadas e as normas de licitação. Essa complexidade jurídica exige o envolvimento de especialistas desde a fase de concepção, para garantir segurança jurídica e operacional às partes envolvidas.
Boas práticas envolvem a realização de estudos de viabilidade técnica e econômica robustos, a definição de papéis bem delimitados entre gestores, cotistas e representantes públicos, além da adoção de mecanismos de mitigação de risco como seguros, garantias e cláusulas de flexibilidade contratual. O uso de estruturas híbridas, com diferentes classes de cotas (como sênior e subordinada), também tem se mostrado eficiente para atrair investidores com diferentes perfis de risco, tornando os fundos mais resilientes e atrativos.
Autor: Charles Demidov