Quando se trata de bens no âmbito jurídico, posse e propriedade são conceitos frequentemente confundidos. No entanto, segundo o doutor Bruno Garcia Redondo, compreender essa diferença é essencial para garantir a proteção legal adequada de um bem, seja ele móvel ou imóvel. Com isso em mente, neste artigo exploraremos os significados de posse e propriedade no direito civil, esclarecendo como o ordenamento jurídico trata essas figuras e apresentando os meios legais disponíveis para proteger e reivindicar direitos sobre bens.
O que é posse no direito civil?
A posse é o exercício de fato de algum dos poderes inerentes à propriedade, ainda que o possuidor não seja o proprietário legal do bem. Trata-se de uma situação que o direito reconhece como digna de proteção, justamente por seu vínculo com a função social do bem. Desse modo, a posse pode ser legítima ou ilegítima, direta ou indireta, e abrange situações como o uso contínuo de um imóvel sem oposição, o arrendamento ou até mesmo a ocupação indevida.

A legislação protege a posse em diversas hipóteses, principalmente quando o possuidor exerce sua função com boa-fé e sem violência. A posse, portanto, não representa necessariamente o domínio jurídico de um bem, mas sim a detenção e o uso material que podem, com o tempo e sob determinadas condições, se transformar em direito real, como ocorre na usucapião, como comenta Bruno Garcia Redondo.
Qual é o conceito de propriedade?
A propriedade, por sua vez, é o direito real mais completo que uma pessoa pode exercer sobre um bem. Ela confere ao titular o poder de usar, gozar, dispor e reaver a coisa, conforme estabelece o Código Civil brasileiro. A propriedade é formalizada por meio de registro público, especialmente no caso de imóveis, o que lhe confere maior segurança jurídica.
Contudo, de acordo com o procurador Bruno Garcia Redondo, ela não é absoluta. A propriedade pode ser limitada por leis urbanísticas, ambientais ou pela sua função social, que impõe responsabilidades ao proprietário. Então, a diferença fundamental entre posse e propriedade está no título jurídico: enquanto o possuidor tem apenas a detenção fática, o proprietário possui o reconhecimento legal do direito sobre o bem, com a possibilidade de exercer todos os poderes sobre ele.
Como a posse pode ser protegida judicialmente?
A legislação brasileira garante proteção à posse, mesmo que ela não esteja amparada por um título de propriedade. Existem ações específicas no direito civil que servem para resguardar o possuidor de atos de turbação ou esbulho. Entre os principais instrumentos legais de proteção possessória, podemos destacar:
- Ação de reintegração de posse: usada quando o possuidor é expulso do bem (esbulho);
- Ação de manutenção de posse: utilizada quando há perturbação da posse, sem que o possuidor seja afastado (turbação);
- Interdito proibitório: serve para evitar ameaça iminente de perda da posse.
Esses instrumentos são fundamentais para manter a ordem social e jurídica, evitando que conflitos de posse se agravem e comprometam a estabilidade das relações jurídicas. Isto posto, após o ajuizamento da ação, o juiz pode conceder liminarmente a proteção ao possuidor, desde que estejam presentes os requisitos legais.
Em que situações é possível reivindicar a propriedade?
A ação reivindicatória é o meio legal adequado para o proprietário que teve seu bem indevidamente ocupado ou transferido a terceiro sem autorização. Ela tem como objetivo reaver o bem com base no direito de propriedade, exigindo a comprovação do título legal que comprove o domínio.
Conforme destaca Bruno Garcia Redondo, a ação reivindicatória se diferencia das ações possessórias por exigir a demonstração do direito real, enquanto nas ações possessórias basta a prova da posse. O autor da ação deve apresentar documentos, como a escritura registrada, para fundamentar seu pedido.
Além da ação reivindicatória, o proprietário pode contar com outros mecanismos para garantir seu direito, como a notificação extrajudicial ou a averbação de indisponibilidade em casos específicos. No final, o essencial é que o exercício da propriedade se dê dentro dos limites legais e de forma pacífica.
Os principais meios legais para proteger seus bens
Tanto a posse quanto a propriedade podem ser alvo de disputas jurídicas, o que torna essencial conhecer os mecanismos legais para evitar ou resolver conflitos. Abaixo, estão os principais meios disponíveis:
- Registro de propriedade em cartório de imóveis;
- Contratos formalizados e com cláusulas claras;
- Ações possessórias ou reivindicatórias, conforme o caso;
- Usucapião para regularização de posse prolongada;
- Consulta e acompanhamento jurídico especializado.
Essas ferramentas não apenas garantem mais segurança ao proprietário e ao possuidor, como também reduzem o risco de litígios. A atuação preventiva e o amparo jurídico adequado são estratégias fundamentais para preservar a estabilidade das relações civis.
Como diferenciar posse e propriedade no dia a dia?
No cotidiano, é comum que pessoas confundam posse com propriedade. Quem mora em um imóvel alugado, por exemplo, tem a posse, mas não é o proprietário. Já quem comprou e registrou o imóvel no cartório tem o título de propriedade, ainda que não o utilize diretamente. Segundo o doutor Bruno Garcia Redondo, a distinção é essencial para evitar conflitos legais, principalmente em relações de vizinhança, heranças ou contratos de compra e venda.
Dessa forma, reconhecer a própria condição jurídica, seja de possuidor ou proprietário, permite agir de forma mais segura e estratégica diante de possíveis disputas. Por isso, sempre que houver dúvida sobre a natureza do vínculo com determinado bem, é recomendável buscar orientação jurídica para garantir que os direitos sejam preservados e que as medidas corretas sejam tomadas em caso de litígio.
Entender esses conceitos jurídicos ajuda a evitar problemas futuros
Em conclusão, a diferença entre posse e propriedade no direito civil não é apenas teórica: ela impacta diretamente a vida prática das pessoas. Já que saber quem tem o direito de uso, quem detém o domínio legal e quais instrumentos a lei oferece para proteção de bens é fundamental para manter relações jurídicas estáveis e justas. Assim sendo, a chave está no conhecimento da legislação e na busca de orientação especializada sempre que necessário.
Autor: Charles Demidov